domingo, janeiro 29, 2012


Uma Nova Realidade


  Entrei no carro, coloquei o cinto de segurança igualmente a minha tia, ela deu partida e ligou o rádio. Fitava a paisagem sem ao menos prestar atenção. Eu só pensava em meu sonho, seguir em frente.. Seguir em frente.. Foi o que eles me disseram, mas não é simples seguir em frente. As lembranças vagam em minha mente a todo momento, fantasmas do passado vem e as trazem.. Eu só consigo chorar. Minhas forças não são o bastante para ficar de pé e abrir um sorriso toda manhã. O sentido diversão parece surreal para mim. Algo inadimicível a minha dor.  Estou perdida em meus sentimentos e não sei como sair, e o pior é que isso está me levando ao nada.
Desviei meus pensamentos para Atlanta e lembrei de quando eu brincava com meus pais lá. Do sol, das árvores e um parquinho. Eram as únicas coisas de que me lembrava.
-Chegamos! -minha tia disse me desviando de meus devaneios-
-Espere. -disse quando ela já abria a porta-
-Sim?
-Parece que chorei? -ela riu do que eu falei. Mas eu não quero que meus avós lembrem de mim chorando e além do mais eu não quero estragar o sorriso que eles conseguem dar com tanto esforço-
-Não, não parece. Agora vamos, seus avós esperam!
 Assenti e saí do carro, ela trancou e fomos para a porta da casa da minha avó. Luana tocou a campainha e esperamos minha vó vir atender, ela atendeu e entramos.
-Como foi na escola? -ela perguntou-
-Bem, minha tia estava resolvendo os papéis e eu conversei com um colega. Vó, sabia que eu vi uma cobra? -eu disse e ela me olhou surpresa-
-Uma cobra? Vocês foram ao zoológico? -minha vó perguntou confusa, eu ri de sua pergunta-
-Se você chama escola de zoológico.. 
-Tinha uma cobra na escola? Ela estava viva?
-Tinha, estava, ela era enorme vó, tinha muito veneno. O veneno escorria! Mas ela não vai mais me incomodar. -conclui, minha vó estava comos olhos arregalados-
-Não se preocupe mãe, nada grave! -Luana a acalmou-
-Como não me preocupar? Havia uma cobra perto de minhas meninas! -ela disse aflita-
-Não se preocupe vó. Nada ocorreu, estamos bem. A cobra era venenosa, mas seu veneno não mata.
-Que cobra era?
-Era a Brenda. Uma espécie única e perigosa.
-minha avó fez sinal de reprovação, mas riu- Vamos comer. -eu sorri e fui para a sala de refeição-
  Comemos fricassê, arroz e salada e para beber, suco de laranja. Acabamos de almoçar e veio a sobremesa, Pavê com bombons Sonho de Valsa. Estava delicioso, após o almoço eu fui assitir Televisão, mas não havia nada de interessante. Resolvi andar a cavalo.
  Fui procurar meu avô e ele estava com minha tia e minha avó na varanda do quintal, eles estavam conversando sobre a viajem.
-Licença. -disse por entorromper a conversa- Vô?
-Sim querida?
-Quero cavalgar, vamos?
-Claro, querem nos acompanhar? -perguntou ele para minha tia e minha vó-
-Sim, vem mãe?
-Não, eu vou só olhá-los e tirar fotos! -vovó ama registrar os momentos, principalmente os momentos de família-
-Tudo bem! -eu disse e fomos até o baia (local onde os cavalos são colocados, individualmente)-
  Minha vó foi pegar a câmera e depois foi para o campo nos esperar, pegamos os nossos cavalos! O meu se chamava Thor, ele era o cavalo da minha mãe.
-Oi Thor. -eu disse a ele, eu conversava com Thor ele era meu amiguinho  quando criança e nada mudou, pelo menos ele era mais amigável que Brenda ou qualquer amigo meu-
Tirei Thor de lá e coloquei sela preta, ele ficava lindo, ele era um cavalo puro sangue ingles, marron com patas brancas. Após colocar a sela o levei para fora e subi nele, logo minha tia e meu avô apareceram em seus cavalos.
-Então, vamos passear ou correr?
-Bom, eu vou correr. -sorri e fiz Thor correr rapidamente-
  Ele corria muito rápido, fomos em direção ao imenso campo, corriamos sem rumo, fomos diminuindo a velocidade até que ele parou. Eu olhava a paisagem, queria retratar cada cantinho daqui. Quando eu fosse embora eu queria me lembrar de tudo, o sol invadia todo campo deixando a grama em um verde mais vívido. Era lindo! Vi uma ávore e levei Thor comigo, o amarrei em um tronco pesado que estava no chão, sentei na sombra e encostei na árvore, apreciei o clima agradável e a brisa espalhando as folhas pelo campo. Era uma paisagem adimirável. Parecia um quadro, que criou vida! vi uns pássaros voarem pelo campo, eles iam em direção ao Norte. Os acompanhei até não conseguir os ver mais.
  Analisei o tronco da árvore onde eu estava enconstada, ela estava marcada, pareciam letras, levantei para ver melhor, eram o nome de meus pais, estava escrito: Letycia + Rodrigo e um coração envolvia o nome deles, eu passei minha mão na caligrafia, era  do meu pai. Eu sorri ao reconhecer, eles eram tão romanticos um com o outro. O amor deles era adimirável e invejável a muitos. Eu amava ver o jeito que eles se tratavam, os anos se passavam, mas o amor só aumentava, meu pai sempre deixava um presente para minha mãe antes de sair, ora eram flores, ora eram chocolates e muitas vezes eram jóias!
-Seu pai fez quando eles completaram 4 meses de namoro! -disse minha tia me assustando, eu não a ouvi chegar, acho que me concentrei demais aos meus pensamentos-
-Eu reconheci a caligrafia! -disse a ela-
-É, eles vieram cavalgar e pararam nesta árvore, era primareva e havia muitas rosas por aqui! Seu pai disse que esta seria a árvore deles. Quando ela foi embora seu pai veio me contar sobre ela, sobre seus sorrisos.. -ela sorriu fitando a caligrafia, mas seus olhos estavam além disso, estavam lá no passado- Ele disse tudo o que ocorreu entre eles, e disse para mim sobre o que ele fez, ele me fez vir aqui com ele, quando ele falava dela seus olhos brilhavam, nós sentamos aqui e ficamos conversando sobre diversas coisas, mas o assunto predileto dele.. -ela parou e olhou para mim- era sua mãe! -ela sorriu-

-Eles realmente se amavam!
-Sim e muito! Até na hora de ir, eles foram juntos! 
-É.
-Vamos?
-Sim, onde está meu avô?
-Está nos esperando lá. -ela apontou para perto de casa-
-Ah, então vamos!
  Ela assentiu, tiramos nossos cavalos do tronco e fomos em direção ao meu avô.
-Não aguentou correr vovô? -brinquei-
-ele riu-Sabe que seu velho gosta de uma corrida, mas o Hotiz está muito velho, ele não aguenta mais correr.
-Oh, tadinho do Hotiz!
  Cavalgamos calmamente até o baia, demos água aos nossos cavalos e depois o coloquei em seu quartinho, assim como gosto de chamar.
-Adeus Thor! E não te disse, mas eu vou embora, mas não se preocupe, tá? Eu volto, eu acho! -poderiam me chamar de louca, mas como disse ele era melhor que qualquer amigo que eu tive-
  Acariciei Thor e minha avó tirou várias fotos. Saí do baia e fui para casa.
-Onde estão as fotos? -perguntei entrando com minha tia e meu avô-
-Vão tomar um banho para jantar e depois voltem que eu amostrarei as fotos!
Olhei para a janela e já estava escuro, ficamos cavalgando a tarde toda? -me perguntei espantada-
-Tudo bem querida! -disse meu avô-
  Cada um foi para sua suíte para o banho. Ao chegar na minha peguei um short e uma bata branca, fui para o banheiro e deixai a roupa em cima da pia, me despi e entrei no box, prendi meu cabelo em um nó e tomei banho, quando acabei me sequei e coloquei minha roupa. Desci e fiquei com minha vó e meu avô que já acabara o banho, esperamos minha tia, não demorou muito e ela desceu.
-Pronto vó, agora amostre as fotos! -eu disse e ela pegou o notbook, por incrível que paressa ela consegue mecher, mas ainda não sabe criar contas em redes sociais, ela usa só para suas fotos e as vezes para buscar receitas-
-Aqui estão! -ela disse abrindo as fotos-
  Haviam várias, tinha da minha tia cavalgando com meu avô, a maioria era de eu e o Thor correndo, ficaram lindas, todas elas! Tinha umas em que eu estava cavalgando com minha tia e outras em que nós três cavalgavamos.
-Ficaram magnificas vovó! -eu disse admirada e sincera-
  As fotos eram em alta resolução e ficaram realmente magnificas!
-Obrigada minha linda, mas ainda tem essas fotos! -ela disse amostrando umas fotos em que eu conversava com o Thor e uma em que eu beijava sua cara e a acariciava-
-Nossa vó, ficaram lindas! -eu disse sorrindo- Posso ficar com essas fotos? -perguntei-
-Claro querida! -ela disse-
-Vou pegar meu pen drive, espere! -ela assentiu e eles ficaram admirando as fotos-
  Corri até meu quarto e procurei em minha cabeceira meu pen drive, o achei na primeira gaveta, ele era de sapinho, comprei quando saí com minha tia, acho que mês passado.  Desci e conectei ao notbook da minha avó, passamos as fotos e eu o desconectei.
-Nossa, eu amei, vou colocá-las em vários porta retratos no meu quarto! -eu disse sorrindo, minha vó ficou contente, claro, afinal ela tirou as fotos-
  Minha vó desligou o notbook e sem precisar falar fomos comer, sentamos na mesa e comemos o mesmo que almoçamos! Após o jantar eu dei boa noite para todos e fui dormir.

Continua...

Respondendo aos comentários:
 Allie: Primeiramente: Eu amei seu nome, rs. Sua mãe é bem criativa, ou foi você que inventou e colocou no nickname? Bom, de qualquer forma eu amei!
Eu fiquei lisonjeada com seus comentários. Muito obrigada mesmo. E sim, a Brenda era horrível e a situação de Bella não é muito fácil, mas as coisas estão prestes a mudar! Seus comentários são sempre bem vindos e me perdoe por demorar a postar, rs! Mas aqui está o 10º capítulo (: Muito obrigada, mas meu nickname foi criado antes mesmo de eu escrever Uma Nova Realidade. Eu só lia e comentava, ajudava as escritoras de alguns blogs, quando precisavam. Eu criei o blogger para dar umas dicas aos blogs e para ler, mas fui escrevendo uma história então resolvi criar meu próprio blog, e aí está minha história, rs!

Luisa: Obrigada! É uma honra receber tal elogio de uma fascinante escritora. Amei que tenha gostado e embora este capítulo não tenha ficado bom, vou me esforçar para melhorar no próximo, ok? Como eu disse a Allie ali em cima eu criei o blogger somente para ler e dar dicas as escritoras, eu fiz o blog recentemente para publicar minhas histórias e eu estou extremamente feliz por estarem gostando. Eu não pretendo mudar o nickname, pelo menos não agora, mas obrigada pela opinião de vocês! 

quinta-feira, janeiro 19, 2012


Uma Nova Realidade


Tia Lu me esperava no carro, fui em sua direção, entrei no carro e pus o cinto de segurança.
-Tudo certo na sua escola. Falta meu trabalho.
-Ok.
-Vi que você estava conversando com o Marcos e a Brenda.. -ela comentou esperando que eu falasse tudo-
-É. -expliquei toda a conversa a ela e li o e-mail que Brenda me mandou-
-Não acredito que ela fez isso, que baixa. Por que ela mentiria sobre uma coisa dessas? -ela estava incrédula assim como eu ficara antes da ficha cair-
-Bom, ela queria o Marcos, mas ele sempre gostou de mim e eu gostava dele, então ela deve ter inventado essa história pensando que eu ainda gostava dele. Foi desnecessário, eu não gosto mais dele e ele claramente não gosta dela.
-Desnecessário. -ela concordou- Por que falou aquilo para ela?
-Estava me sufocando desde o dia daquela mensagem, eu precisava falar. E aposto que ela vai pensar mil vezes antes de dirigir a palavra a mim.
-Deve perdoá-la Isabella.
-O que?
-Sabe disso, você é melhor do que ela.
-Só vou perdoá-la se eu realmente ver que ela está arrempedida e se eu realmente quiser.
Ela nada mais disse sobre isso, conversamos sobre outras coisas, chegamos ao seu trabalho, cumprimentei as pessoas e depois fomos até seu escritório. Minha tia era arquiteta. Ela era muito talentosa. Chegando em seu escritório eu sentei em sua cadeira e fiquei rodando nela, amava fazer isso, era divertido.
-Então, o que vai fazer? -perguntei me rodando-
-Vou finalizar um trabalho e depois vou enviar uns ao meu chefe. Pegar algumas coisas minhas e só.
-Hmm.. -disse rodando-
Ficamos lá por um tempo, já estava entediada. Peguei meu iphone e quando o vi ele estava desligado. O liguei e havia várias ligações. Umas de minhas primas e outras de umas tias e parentes. 
-Nossa.
-O que foi?
-Tem várias ligações aqui, minhas tias e primas me ligaram.
-Hmm, retorne, devem querer conversar com você.
-É, vou retornar.
Liguei para elas e todas diziam a mesma coisa, como eu estava, o que estava sentindo, se eu ia viajar, quando voltaria, dizendo que sentia muito.. Respondia todas as perguntas paciente. Depois de conversar com todos Lu avisou que iriamos embora.
-Tudo bem, já acabei mesmo.
-Ótimo, está com fome?
-Sim.
-Tá, depois que ir aos seus pais vamos para casa.
-Ok.
O caminho foi em silêncio, Lu ligou o rádio para não ficar no silêncio. Vi o relógio e marcava exatamente 12:30.
-Já ligou para meus avós avisando.
-Não, eu vou ligar quando chegarmos no cemitério.
-Hmm.
Passaram 2 minutos e chegamos no cemitério. Era bem vivo e havia flores. Eu não trouxe nenhuma para eles.
-Tia, eu não trouxe flores para eles.
-Tem um vendedor de rosas ao lado do cemitério. -ela disse apontando para um senhor com uma barraca de rosas-
Ela estacionou o carro em uma vaga na rua e descemos, compramos dois buquês de tulipas brancas, eram as preferidas deles. Fomos ao cemitério e ela me levou até o túmulo de meus pais.
-Aqui, vou ligar para sua avó e depois nós vamos.
-Ok. 
Ela saiu de perto de mim e foi ligar para minha avó.
-Oi pai, oi mãe. -o túmulo deles estavam um ao lado do outro-
-Como estão?  Eu estou indo.. bem. Eu acho. Vou embora amanhã, não vou mais poder visitá-los, então hoje é um oi e uma despedida. Sendo que vocês já se despediram antes de eu estar pronta. -algumas lágrimas começaram a sair de meus olhos- Mas tudo bem, porque acho que nunca estaria pronta para isso mesmo, pelo menos eu disse que amava vocês antes de vocês partirem, não é?! E pude escutar isso de vocês também. Sabe, eu sinto falta de vocês, muita. -as lágrimas agora preenchiam meus olhos, eu as limpei, mas insistiam a cair- Eu amo vocês. Ah, eu trouxe flores -eu as coloquei no túmulo de cada um- São suas favoritas, lembram? Vocês sempre compravam elas para enfeitar a casa.. -agora as lágrimas me impediam de falar- Eu amo vocês, muito mesmo. -disse por fim entre lágrimas, as enxuguei e saí dalí-
-Vamos?
-Vamos.

Continua...



Uma Nova Realidade



  Abri os olhos nervosa, tudo estava claro, eu estava no meu quarto na casa de meus avós.   Olhei o relógio em minha cômoda, ele marcava exatamente 7:30 a.m, levantei meu corpo ficando sentada em minha cama, eu estava coberta com meu edredon e o sol quente me esquentava.
-Isso explica a neblina quente. -disse olhando para o sol que esquentava meu edredon, me descobri e quando ia levantar batem em minha porta-
-Bella, está acordada? -disse tia Luana-
-Sim, pode entrar.
Enquanto ela entrava eu ia ao banheiro fazer minha higiêne.
-Um minuto tia. -disse entrando no banheiro, ela assentiu e sentou em minha cama-
Fiz minha higiêne e depois voltei para o quarto.
-Pode falar Lu. -disse me sentando ao seu lado-
-Eu vou a sua escola hoje, pegar uns papéis e depois vou ao meu trabalho buscar algumas coisas, quer ir comigo? Voltamos à tarde.
-Claro.
-Ótimo, se arrume e depois desce para tomar café.
-Tudo bem, vovô e vovó já acordaram?
-Sim eles estão lá embaixo na sala nos esperando. Aliás eu pensei que você estava dormindo.
-É, acho que foi porque dormi cedo.
-Hmm.. Bem estou indo, tome logo seu banho que eu vou tomar o meu rapidinho para tomarmos café. -ela disse se levantando e saindo-
-Tudo bem, vou arrumar minha cama e tomo meu banho. -ela assentiu e saiu do quarto-
  Arrumei minha cama e fui atá minha mala pegar uma roupa. Peguei um short estilo rasgadinho, peguei uma blusa bege larginha com tecido leve, como acessório coloquei meu cordão de pérolas e fios de couro, peguei minha bolsa com fios caidos de couro que minha tia havia me dado a alguns meses, era minha bolsa favorita.
Fui para o banheiro, tirei minha roupa e entrei no box, vi que meu cabelo estava impossível então decidi lavar, usei meu shampoo com cheirinho de morango, era o melhor.   Tenho que me lembrar de comprar quando for para Atlanta. Após o banho me vesti e sequei meu cabelo com meu secador que estava no armário do banheiro. Ele ficou liso com as pontas enrroladas. Acabei e guardei o secador, saí do banheiro coloquei minha rasteira e fui descer.
-Isa, espera. -disse Lu do corredor, virei e fui até seu quarto-
-Oi tia.
-Espera, vou só pegar minha bolsa. -ela disse ajeitando o cabelo e deu uma olhada no espelho- Pronto. -ela disse, sorriu e descemos-
-Está linda. -disse a olhando, ela usava um vestido estampado preto de tecido leve com um cinto acima da cintura de textura prateada e usava um salto fechado preto e uma bolsa preta com prata-
-Obrigada, você também está linda. -ela disse sorrindo-
  Chegamos lá embaixo e fomos em direção a sala de jantar, vovô e vovó já estavam tomando café.
-Bom di vó, bom dia vô. -disse os beijando e me sentando-
-Bom dia pai, bom dia mãe. -disse tia Luana os beijando e se sentando ao meu lado-
-Bom dia queridas. -eles disseram juntos-
-Vocês estão lindas hoje, vão sair? -perguntou vovó-
-Sim, vamos a minha escola.
-Depois vamos ao meu trabalho.
-Hmm, vão almoçar conosco?
-Não mãe, desculpe. Nós vamos ter que almoçar fora, mas se der almoçaremos juntos.
-Tudo bem, então comam logo para não se atrasarem.
  Tomamos café da manhã e logo depois saímos, o caminho estava silencioso, mas como minha tia não gosta de silêncio ela decidiu falar.
-Vou pegar uns papéis na sua escola, e resolver algumas coisas no meu trabalho. Quer passar em algum lugar?
-Podemos visitar meus pais? -eles já deveriam estar no cemitério, afinal já se passaram três dias, sendo que dois eu passei desacordada-
-Bella, não acho que seja uma boa idéia levar você a um cemitério.
-Tia eu só quero ir. -disse olhando para ela-
-ela suspirou- Tudo bem, podemos ir lá. -ela disse revirando os olhos-
-Obrigada.
  O resto do percurso ocorreu em silêncio. Chegamos a escola e entramos, fiquei sentada na recepção enquanto minha tia cuidava dos papéis. Peguei meu iphone e fui checar minhas mensagens, não tinha nenhuma então fui checar meu e-mail, havia uma da Brenda.  Não acredito que ela tinha a cara de pau de ainda se comunicar comigo. Dizia:
  Oi Bella, tudo bem? Então, você não me respondeu aquela mensagem, então tive que comprar uma roupa mesmo. Ah, a festa foi ótima, eu e o Marcos estamos namorando. Não é incrível? Eu amei a festa, a Cristianne ficou com o Pedro, achei isso ridículo ela mal tinha acabado o namoro com o Gustavo. Coisa de vadia não é?! Ai eu arrasei na festa, minha roupa estava incrível. Coloquei um vestido vermelho, um que marcasse meu corpo, ele não era tão justo, mas também não era curto, Coloquei um salto preto e um batom vermelho. O Marcos não resistiu amiga!!! :D  Então amiga, só quis te contar minhas novidades, beijos e bye!
  Eu fiquei de boca aberta, estava incrédula com o que acabara de ler, como ela pode fazer isso? Como consegue? Como eu nunca vi isso nela?
  Fechei meu e-mail e guardei meu iphone na bolsa. Me levantei e fui em direção a minha tia quando eles entram.

-Isabella! -disse Brenda surpresa-
-Isabella! -disse Marcos adimirado, deveria estar feliz por me ver, mas depois de estar namorando com a Brenda não deveria pensar dessa forma-
-Oi Marcos, oi Brenda.
-Veio fazer a matrícula?
-Não, vim pegar uns papéis.
-Vai mudar de escola? -perguntou Brenda deixando escapar a alegria em sua voz, como ela era falsa-
-É.
-Vai estudar aonde? -perguntou Marcos-
-Não sei ainda, só sei que é em Atlanta.
-Vai morar em Atlanta? -ele perguntou meio triste-
-Sim. Mas não fique assim, ainda podemos ser amigos, vocês podem me visitar.
-Vou sim. -disse Marcos se animando-
-Como foi a festa ontem?
-Foi bem legal, nos divertimos bastante.
-Ah, parabéns pelo namoro, fico muito feliz por vocês.
-O que?
-O namoro de vocês.
-Não estamos namorando. -me informou Marcos-
-Oh, Desculpe, engano meu. -disse olhando diretamente para Brenda, com olhares significativos-
-O que te faz pensar que estamos namorando?
-Oh, é que me mandaram um e-mail  falando isso.
-Quem mandou?
-Não importa, então alguma novidade? -eu não iria entregar a Brenda, não iria ser suja como ela-
-Só da festa de ontem, nada mais. E você? -perguntou Brenda-
-Não.
-Hmm, como você está? -perguntou Brenda-
-Estou indo.
-O que aconteceu? -perguntou Marcos-
-Meus pais.
-O que tem eles, estão doentes? -perguntou Marcos preocupado, ele não sabia?-
-Meus pais morreram Marcos. -disse abaxando um pouco a cabeça-
-Oh Bella, sinto muito. -ele disse me abraçando, retribui-
-Pensei que soubesse.
-Não, se eu soubesse eu teria ido lhe visitar, eu estava viajando e voltei ontem. Sinto muito, muito mesmo. -ele apertou o abraço, nos afastamos, mas ele abraçava meus ombros-
-Obrigada.
-Por isso vai embora?
-Também, mas vou porquê minha tia Luana foi transferida.
-E você não prefere ficar com seus avós?
-Não, acho melhor eu ir mesmo.
-É uma pena. Vou sentir sua falta. -ele disse sincero, eu estava errada, Marcos não tinha culpa-
-Eu também.
-Eu também sentirei sua falta amiga. -disse Brenda-
-Não me chame assim. Você não sabe o significado dessa palavra. -ela me olhou com os olhos arregalados-
-Bella? -minha tia me chamou para irmos-
-Bom isso é um adeus. Adeus Marcos, vou sentir sua falta. -deu um abraço nele-
-Eu também, vou escrever sempre para você. Vou te contar as novidades e vou te visitar um dia.
-Espero que sim. -disse sincera, saí de perto dele e parei em frente a Brenda-
-Espero nunca mais ter que olhar para o seu rosto outra vez. E quando eu vir aqui, faça um favor? Finja que não me conhece, ouviu bem? De pessoas como você eu só quero distância. Ah, obrigada. Por me fazer aprender que as piores cobras podem ser aquela que mais estão por perto. Tenha um bom dia. -disse baixo, mas fortemente, apenas para ela ouvir e saí sem ouvir a resposta-

Continua...

Uma Nova Realidade


   Eu chorava agora por dizer aquilo em voz alta, aquela foi a primeira vez que contei o que mais me atormentava, mas ainda não era tudo, tinha coisas que eu não sabia explicar, como a intensidade da saudade e os flashes de lembranças com eles que me faziam cair aos prantos.
  Vovô me abraçou e esperou eu me acalmar, nós estávamos sentados nas poltronas da casa de rosas, elas ficavam no final onde as rosas brotadas ficavam.
-Você não está desprotegida querida, está com sua família ao seu lado. Eu, sua vó, sua tia Luana. Todos nós estamos aqui e amigos virão, você vai encontrar amigos verdadeiros. E saudade todos temos, acredite. Sei que está ferida, mas eles não te deixaram. -eu levantei a cabeça e olhei para seu rosto protestante- Eles tiveram que ir, alguém lá em cima disse que a hora deles havia acabado. -ele disse apontando para o céu-
-E me deixou aqui sem eles? 
-Isabella, entenda -ele tentava me explicar- você é jovem, ainda tem muito o que viver, seus pais já tinham feito tudo o que deveriam ter feito, imagina se fosse o contrário. Você estivesse ido e eles não. É a sua dor, só que pior. -tentei imaginar como seria, mas imaginar mamãe e papai pior que eu era impossível-
-Não dá para imaginar.
-Pois bem, eles sofreriam mais do que você, sofreriam muito. Essa é a lei natural da natureza. O ser humano nasce, cresce, se reproduz e morre. Seus pais já tinham feito tudo.
-Tem razão.
-Isso ajudou?
-Ajudou e muito. -disse sincera, isso realmente havia me ajudado, antes eu queria ter ido com ou no lugar deles, mas agora entendo que era para eu ficar- Sua vez.
-Não quero que se preocupe comigo Bella.
-Vovô, não adianta falar isso, sempre estarei preocuada e além do mais fizemos um trato. Eu contava se você contasse.
-Não me lembro de ter apertado a mão de ninguém. -eu o olhei com reprovação, isso não era justo, eu queria o ajudar também- Tudo bem. -ele suspirou derrotado-
-Ótimo, conte-me.
-Estou preso. -eu o olhei confusa- Parece uma caixa pequena de emoções desagradáveis.               Eu o vejo em tudo, olho para qualquer lugar e ondas de lembranças me afogam. Olho para você e o vejo. Lembro de quando ele me ajudava com as rosas, quando ele corria pela casa. Lembro de tudo. Ele era tão jovem, tão desprotegido ele era meu menino. E ele se foi. Meu menino que eu cuidei, eduquei, meu menininho se partiu.
  Eu abraçei o vovô bem forte, quando nos distanciamos ele estava chorando, ele rapidamente limpou suas lágrimas, mas vinham mais e mais então ele as deixou cair, ele colocou as mão no rosto e chorou, chorou muito. Eu abraçei seus ombros e acariciava seus braços. Em toda minha vida eu nunca vi meu avô chorar, ele sempre se manteu forte por causa de vovó. Mas comigo ele não precisava ser forte, ele precisava chorar. 
-Me desculpe. -ele pediu limpando as lágrimas-
-Não precisa, você precisava chorar. Você não faz muito isso.
-ele riu- É, eu não faço.
-Vovô?
-Sim.
-Ele te ama. Quer que você siga em frente, mas isso não significa esquecê-lo, significa não sofrer por ele ter ido.
-Como sabe?
-Do mesmo jeito que você sabe que ele sente o mesmo por mim. 
-Tem razão.
-Isso ajudou? -usei suas palavras-
-Sim. -ele sorriu pelo canto dos olhos-
-Isso é bom, então, vamos voltar? Vovó deve ter preparado o jantar. -eu disse levantando e o chamanado-
-Vamos.
  Ele levantou e nós voltamos para casa, conversamos sobre algumas coisas até chegar em casa e o meu assunto favorito era sobre os cavalos, vovô disse que amanhã cavalgariamos.   Nós entramos e vovó e titia estavam nos esperando na sala.
 -Pensamos que vocês haviam se perdido nas roseiras. -disse titia brincando-
-Nós só estavamos conversando. Não é vovô?
-Sim. O que temos para o jantar?
-Temos espaguete acompanhado com as famosas almondegas da vovó. -disse titia brincando-
-Hmm, que delícia.
-Venham para a mesa. -disse vovó-
  Nós fomos para a mesa, comemos e conversamos um pouco. Depois eu fui dormir.
   Eu estava em um campo, tinha névoas, eu estava andando, procurando algumas coisa, mas não tinha nada a encontrar. O ar estava leve, no céu haviam lindas estrelas, mas duas me chamavam mais atenção, elas eram as que brilhavam mais. Eu sentei na grama e fiquei as admirando, elas pareciam se aproximar, e se aproximar, e se aproximar mais e mais. Até que elas brilharam muito forte, coloquei minhas mãos na frente de meus olhos, mas não os tampando, fechei um pouco os olhos, mas não totalmente. Levantei e caminhei até onde as estrelas estavam, por que elas caíram? Está errado, estrelas tão brilhantes como elas deveriam estar no céu, sem elas lá o céu não ficava bonito, ficava apagado.

 A luz foi diminuindo, eu andei depressa, eu tinha que pegá-las e levá-las para o céu antes que elas apagassem totalmente. A luz ainda estava fraca, mas duas pessoas saíram do local onde as estrelas estavam. Uma mulher com os cabelos loiros acima da cintura, duas mechas estavam presas na parte de trás, seus cabelos ouro estavam em forma de cachos que pareciam ter sido desenhados pelo melhor artista. Ela usava um vestido branco até os joelhos, era um vestido leve com um decote nada vulgar, o vestido parecia ter sido desenhado para ela, seu rosto era lindo e angelical, o homem com seu rosto também angelical usava uma blusa social branca e um terno completo branco, usava sapatos brancos assim como o salto de mamãe, o cabelo dele estava perfeitamente alinhado como sempre, estava lindo. 

-Mamãe? Papai? -os reconheci, mas queria ter certeza-

-Filha! -eles disseram juntos-
Corri para abraçá-los, eram mesmo eles.
-Sinto tanta falta de vocês!
-Nós também sentimos sua falta minha filha! -disse mamãe com sua vóz aveludada e angelical-
  Eu me afastei do abraço e nós começamos a caminhar pelo campo vazio. Eu estava no meio dos dois, eu abraçava os dois. Havistamos um banco e fomos sentar. Antes eu havia passado aqui e não havia nada além de grama. Mas isso não importa, eu estava com eles.
-E então, como você está? -papai me perguntou com sua voz calma e forte-
-Como acham que estou? Eu estou parada em uma bolha de depressão e não consigo estourá-la.
-Você não está nem tentando Bella. -disse mamãe calmamente-
-Bom, ás vezes eu tento não chorar, mas é preciso.
-Não tente parar, você precisa chorar, alivia a dor. -disse papai, apenas levantei os ombros e depois os abaixei-
-Filha, eu e seu pai já partimos. Você não pode se prender a algo que já se foi, você sempre deve olhar e seguir em frente. -disse mamãe acariciando meu rosto-
-Se vocês foram por que sempre voltam em meus sonhos?
  Eles se levantaram e foram caminhando eu os segui em silêncio, esperando minha resposta.
-Precisamos ir.

-Fiquem, eu preciso de vocês. -eu disse aflita-
-Nós já partimos Bella e você tem sua tia e logo que for embora encontrará pessoas maravilhosas, reencontrará um amigo antigo, vai adiquirir esperiências novas. 
-Mas não terei vocês.
-Nós nunca te deixamos filha, estamos bem aqui -ela disse colocando a mão em meu coração em seguida beijando minha testa-
-Eu amo vocês. -susurrei para eles-
-Nós também te amamos minha filha, sempre. -eles disseram me abraçaram e se foram-
  Fiquei os olhando até que sumissem na neblina que se formava, a neblima começou a me cobrir, ela era uma neblina diferente, ela incomodava minha pele, queimava como o sol, tentei me libertar da neblina, corri para me libertar, sem sucesso. Corri para me livrar dela, mas aparecia mais. Balancei os braços tentando me libertar, mas a neblina aumentava..

Continua...
Uma Nova Realidade


  Depois de alguns minutos calada eu fui me controlando e quando vi que já estava calma me desculpei com minha tia e expliquei a situação.
-Nossa, que insensível e interesseira essa sua amiga, hein?!
-Pois é.
-Não a culpo de ter ficado daquele jeito, mas como você disse, não vale a pena!
-Obrigada por me entender e me desculpe de novo. Você não tem culpa de nada e a última coisa que quero é brigar com a pessoa mais importante para mim agora. -disse a olhando e sorri-
-ela sorriu, parecia contente por escutar aquilo- Eu também não.
Ficamos caladas até chegar a casa da minha avó, lá teriamos que falar muito, vovó faria milhares perguntas e choraria muito e vovô a consolaria como sempre.
-Vocês chegaram! -vovó disse com os olhos brilhando para mim e para titia que saíamos do carro-
-Olá vovó! Como a senhora está? -eu sorri e a abracei, ela tinha aquele cheiro gostoso que toda vó tem com um toque de flores-
-Oh meu bem, eu estou indo e você? -ela afastou o abraço e acariciava meu rosto com suas mãos, ela iria gravar meu rosto para lembrar sempre que sentisse minha falta-
-Estou.. -eu não poderia dizer que estava morta para vovó, isso acabaria com a parede que afastada toda aquela dor da perda de um filho que ela criou com tando cuidado, se eu conheço minha vó ela teria feito isso e de onde ela tirou forças para isso? De mim, do meu avô e da minha tia Luana. Mas eu também não posso mentir- Eu estou indo. -Eu tive que mentir. Eu não queria me lembrar do rosto dela morto, queria me lembrar dela feliz-
Ela me abraçou forte de novo. Vovó sabia que não era verdade, mas viu meu esforço para que fosse mesmo isso.
-Mamãe! Como a senhora está? -disse titia andando até nós com seus braços abertos-
Vovó e eu encerramos o abraço e ela abriu um longo sorriso ao escutar a voz de titia. 
-Com licença meu bem, vou ver meu bebê. -eu assenti e fiquei olhando vovó indo em direção a titia com os braços abertos- Minha filha! -elas se abraçaram sorrindo, vovó chorou e titia também-
  Senti minhas bochechas coçarem e quando coloco as mãos em meu rosto me surpreendo com as lágrimas que caiam em meu rosto. 
-Como você está mamãe? -perguntou titia se afastando do abraço, vovó limpous as lágrimas do rosto de titia e depois limpou as dela-
-Eu estou indo minha filha, mas como você está? -disse vovó, ela adimitia triste, seu olhar era triste, mais triste que o de titia afinal perder um filho deveria ser uma dor horrível-
-Também estou indo, mamãe! -disse titia com um olhar triste, o olhar dela pode não ser tão triste como o de vovó, mas era muito, muito triste também-
  Eu olhava aquele encontro de mãe e filha e não pude não lembrar da minha mãe. Era inevitável qualquer coisa me fazia lembrar ela e meu pai, mas ver vovó e titia assim me fez ter uma chuva de lembranças de meus momentos com mamãe, ela me buscando na escola, nós duas na piscina, nós duas tendo um dia de princesa..
  Minhas lágrimas caiam intensamente e titia e vovó me viram chorar, elas vieram em minha direção, só me dei conta de que elas estavam me abraçando quando elas apertaram o abraço e choram também, eu retribui e me entristessi mais por ter estragado aquele momento tão gostoso de mãe e filha.
-Des.. Desculpa tia, perdão vovó. Eu não queria interronper..
-Não, você nunca atrapalha. -disse vovó me confortando-
-Viemos dividir o momento de reencontro com você, afinal faz 2 mêses que você não vem ver a sua avó. -complementou titia-
-Obrigada! -eu disse e nós apertamos o abraço antes de entrar-
  Entramos e a casa estava como da última vez que tinha vindo, o sofá não tinha mudadode posição como costumava ser mudado, não havia móveis ou enfeites novos, apenas fotos de minha família antigamente, papai novinho, mamãe e papai ainda jovens quando eram namorados. O casamento de vovô e vovó. Oh, vovô. Vasculhei com os olhos pela casa toda o procurando, mas não o encontrei.

-Vó, onde está vovô? -perguntei me virando para ela que conversava com titia olhando as fotos-
-Nas roseiras minha querida! -disse vovó sorrindo para mim- Ele vai amar saber que a netinha dele chegou.
-Obrigada! Vou vê-lo. -disse saindo da casa e indo até as roseiras-

  Vovô era um roseiro muito famoso na região. Ele começou vendendo algumas rosas quando mais novo e depois por ter tanto talento para cuidar de rosas tão delicadas e com os estudos ele acabou crescendo sua firma até se tornar o que é hoje. Vovô trabalhou muito para chegar onde está. Me orgulho muito de tê-lo como avô.
  Agora eu estava entrando nas roseiras, mas vovô não deveria estar aqui fora, ele deveria estar na casa de vidro das flores, como eu gosto de chamar, é lá onde ele planta as mais belas rosas. Fui para lá e lá ele estava, ele cuidava de rosas brancas que estavam um lindo vaso, deveria ser para enfeitar a casa. Vovó amava ver a casa com flores. Ele estava bem concentrado, usava uma calça formal e uma blusa elegante, mas sem terno, seus sapatos como sempre eram sapatos de gala, seus cabelos perfeitamente alinhados lembravam-me do penteado de papai.
-Benção vô. -disse me aprossimando e tirando sua concentração das rosas-
-Deus lhe abençoe minha filha! Venha dar um abraço no seu avô! -ele disse soltando o material e brindo os braços-
  Os olhos dele estavam tristes, mas o sorriso no rosto era sincero. Era um sorriso que enrugava o canto de seus olhos. Fui em sua direção e o abraçei fortemente, sem medo de causar algum dano aos seus ossos. Eu sentia falta dele e ele sentia minha falta. 
-Senti sua falta. -disse com a voz apertada e baixa, quase um susurro-
-Também senti sua falta. -respondeu vovô apertando o abraço-

Nenhum de nós sederam o abraço, depois de alguns minutos nos afastamos e pude ver que lágrimas se formavam nos olhos de vovô, mas ele faria o máximo para não derramá-las. Puxei isso dele, chorar sozinha, nunca na frente dos outros, mas ultimamente minhas lágrimas não me alertam quando vão cair, elas simplismente caem sem que eu nem perceba.
-Como o senhor está?
-Como acha que estou? -com vovô eu podia ser verdadeira, ele e eu sempre fomos sinceros um com o outro-
-Quase como eu.
-E como você está?
-Não estou. -com vovó eu nunca poderia falar isso, eu teria que mentir pois isso a levaria a lágrimas e até mesmo ao hospital, vovó era bem dramática e sempre precisou de ajuda para ser forte, mas ultimamente ser forte estava muito longe de eu ser-
-Conte-me, não quero que você sofra sozinha.
-Não quero que sofra por mim, nem comigo.
-ele ficou calado procurando palavras para me convencer a falar, por mais que eu e vovô sejamos sinceros um com o outro, essa era uma dor que eu não queria que ninguém tivesse, ainda mais com ele que sofria muito também, mais dor era desnecessário- Bem, se você compartilhar a sua, compartilharei a minha. Trocaremos os lados.
-É justo. -disse e ele fez sinal para eu proseguir- É horrível vô, parece que eu não tenho chão. Parece que onde eu piso é falso, a qualquer momento pode desabar. E parece que tudo está errado. Vejo pessoas sorrindo, se divertindo e não entendo mais como é isso, parece algo improvável para mim. Amigos? Eu não tenho mais, pensei que e tivesse, mas não tenho. ÉNenhum deles me procuraram, nem me ligaram, bom uma ligou, mas se fosse para fazer o que ela fez era melhor ter feito como os outros. -vovô me olhava confuso- Lembra da Brenda? -ele assentiu-
-É aquela sua amiga que vivia grudada em você, não é?!
-Sim, ela mesma. Então, ela me mandou uma mensagem hoje, disse que "sentia muito" -fiz sinal de aspas com os dedos- e depois já foi me pedindo roupa emprestada para ir a uma festa e disse que iria impressionar o Marcos. Aquele menino que eu gostava, lembra?
-Sim, mas Bella ele poderia ser outro Marcos, não precisa ser o garoto que você gosta.
-Gostava. -eu o corrigi-
-Tá, gostava. Pode não ser ele e ela nunca passou pelo o que estamos passando e espero que não passe tão cedo, Deus a livre.
-Vovô, acredite é ele. Mas isso não convem, não me importo mais com isso e além do mais ela não era minha amiga, ela nunca foi. Ela fingiu ser.
-Se está certa disso eu lhe apoio.
-Obrigada!
-Quer me contar mais?
-eu assenti e prossegui- Eles fazem falta vovô, não poder abraçá-los, não poder  mais vê-los no jantar conversando comigo. Mamãe não pentear meus cabelos como ela sempre fazia antes de eu ir dormir, ela sempre dizia que não importava minha idade ela iria pentear meus cabelos sempre, e não poder ver papai conversando comigo na sala, não podermos assistir filmes como faziamos aos domingos chuvosos. Isso é torturante, sabe, eles sempre estiveram comigo, sempre foram bons pais e eu sempre quis ficar perto deles eu nunca desperdiçava uma tarde ou uma atividade em família. Nós sempre fomos unidos e agora eles se foram. Me deixaram aqui. Desprotegida e insegura, com saudades. Ferida.


Continua...


Uma Nova Realidade


  Saí do banheiro ainda com a toalha em minha cabeça e fui para meu quarto com minhas roupas molhadas e minha sandália na mão.
-Acabei tia, onde coloco essas roupas e minha sandália?
-Oh, me dê aqui, vou por nesse saco. -ela disse pegando um saco que estava ao lado das caixas que ela arrumava- A escova de cabelo está ali, junto com os produtos de beleza. -ela disse apontando para uma caixa no chão e pegando minhas roupas molhadas que eu segurava e as colocou no saco-
-Obrigada tia, eu ia mesmo lhe perguntar onde estava meus produtos e minha escova de cabelo.
-Ok, então eu vou tomar meu banho, depois eu volto para lhe ajudar.
-Ok.
  Ela saiu do quarto e eu fui até a caixa, peguei meus produtos higiênicos e minha escova de cabelo, usei meus produtos e penteei meu cabelo, ao terminar deixei minha toalha no saco que titia colocou minhas roupas molhadas, coloquei meus produtos e minha escova de cabelo na mesma caixa e fui arrumar minhas roupas.
  Peguei umas malas e arrumei minhas roupas nela, logo ela estava cheia, peguei outra mala e a enchi. Titia entrou no quarto quando eu estava enchendo a terceira mala.
-Nossa, você já enchei duas malas?! -titia disse surpresa com a demora de seu banho-
-É, você demorou.
-Desculpe, meu cabelo pode não ser até acima do quadril como o seu mas dá trabalho. E eu estava secando o banheiro e me arrumei lá dentro. -ela disse dando um sorrisinho-
-Hmm, tá explicado o porquê da demora. Faltam só mais algumas malas.
-Tudo bem eu vou pentear meu cabelo e te ajudar, onde está a escova? 
-Aí na caixa onde você a pegou. -eu disse guardando a última peça de roupa necessária na terceira mala. Logo peguei a quarta-
  Luana começou a me ajudar na quarta mala, quando eu estava quase acabando. Preenchemos a quinta e a sexta e fomos arrumar as caixas. Fomos bem rápidas afinal não poderiamos sair muito tarde. Enchemos as sete caixas que faltavam e a chuva já havia passado. Levamos as caixas até a sala de entrada e Luana foi tirar o carro da garagem e o colocar na entrada para nos facilitar.
  Disse a ela que enquanto ela fazia isso eu iria me despedir da casa. Ela assentiu e eu fui correndo até o quarto de meus pais, fiquei na porta olhando o vazio e imaginando a cama, o guarda roupa, o tapete do quarto, os móveis, os quadros e os retratos de nós três juntos na piscina.
Saí dali e fui para o quarto do piano, onde lembranças vinham e inundavam nossa mente, eu ticando para ele e meu pai me ensinado, mamãe cantando comigo, eu cantando e tocando com eles.. Eram tantas lembranças.
  Corri para outros quartos e todos eles tinham uma lembrança perfeita deles. Desci as escadas e fui até a cozinha, eu me lembrava de mamãe conversando com Marcia sobre o cardápio do dia e eu correndo, gritando e rindo alto com papai, quando pequena. Mamãe ria de nossas brincadeiras como Marcia e todos os empregados.
  Fui até a biblioteca depois da sala de estar, lá era o lugar mais calmo onde eu lia com minha amiga Lucy, na verdade eu fingia ler, eu só via as figuras e imaginava as histórias, papai e mamãe me espiavam da porta, várias vezes eu os via me espiando e os chamava para eu poder contar a história para eles. Eles vinham e ouviam todas as que minha imaginação inventava. Agora ela estava vazia, com eco.

 Saí da biblioteca com lágrimas saindo de meus olhos e um sorriso bobo pela lembrança no no meu rosto. voltei para a sala principal e fui ajudar titia. Havia ainda uma caixa e minhas malas para levar para o carro, nós arrumamos tudo no carro e trancamos a casa toda.
  
Fomos para o carro e colocamos o cintos de segurança, demos partida e fomos para o apartamento de titia.

-Vamos ficar na casa da vovó?
-Vamos dormir lá hoje, seus avós sentem sua falta e vai demorar para vocês se reverem.
-Oh. E a escola?
-Bom, esse problema já foi resolvido. Eu lhe matriculei em uma escola perto da nossa casa, fica a três quarterões de distância. Eu não vou poder te levar a escola sempre então escolhi um lugar perto da escola e por sorte não é tão longe do meu trabalho.
  Apenas assenti a ela e ficamos em silêncio até chegar ao seu apartamento.
-Vou subir rápidinho, você vai ficar ou quer subir?
-Quantas caixas?
-Uma somente.
-Então eu fico.
-Ok. Já volto. -assenti, ela saiu do carro fechou a porta e entrou no prédio-
  Fiquei em silêncio olhando para frente, coloquei minhas pernas no banco e abracei minha perna. Continuei a olhar para frente, primeiro eu olhava para as folhas de uma árvore que balançava com o vento, meus olhos se prenderam na folha seca que caia da árvore e quando caiu ao chão eu já não estava atenta ao mundo real, estava desligada em meus pensamentos. Agora eu imaginava como estaria Atlanta. Ela deveria estar linda como sempre, mas será que sair daqui iria me ajudar a superar a perda de meus pais? Não tenho essa resposta então é melhor deixar o tempo dizer o que vai acontecer.
   De repente escuto um barulho de mensagem no meu iphone e dou um pulo no banco pelo susto. Ri de mim mesma pelo susto que tomei. Peguei minha bolsa de coro que estava no banco em cima de uma caixa, a coloquei no meu colo e procurei o iphone, o achei e fui ver a mensagem, era da minha amiga a Brenda. 
Amiga, eu soube dos seus pais, sinto muito!
Amiga, vai ter uma super festa e eu estou louca para ir,
mas não tenho roupa, já entendeu o que eu quis dizer, né?!
Você pode me emprestar aquela sua roupa linda? Aquele vestido!
É que o Marcos Ferraz vai e eu quero impressioná-lo! ;)
Beijos de Gloss! Brenda ;*
OBS: Me empresta a bolsa e o salto também! ;* Você é demais!
  Quando li aquilo eu fiquei chocada, como a pessoa que diz ser minha melhor amiga pode ser  tão insencivel? -eu estava de boca aberta- E ela quer o Marcos. O meu Marcos. Quer saber, quero que eles se engulam. Não me importo nem um pouco com eles. Como ela pode ser tão sem consideração? Pensei que fossemos melhores amigas. Só porque ela está do seu lado dizendo que é sua amiga não significa que ela seja.
-O que foi meu anjo? -disse titia analisando minnha expressão e entrando no banco do motorista, a caixa já estava lá atrás, eu estava tão chocada que eu nem percebi ela pondo a caixa lá-
-Nada. Definitivamente nada. É tão insignificante que nem merece ser falado. -disse completamente fria-
-ela me olhava com os olhos completamente arregalados- Tudo bem então.
  Agora que a ficha havia realmente caído eu estava aborrecida, como uma pessoa que diz ser sua melhor amiga faz isso com você? Eu dividi alguns segredos com ela e é assim que ela é? Ela não me ligou, ela não veio me visitar, ela só me mandou uma mensagem dizendo "Sinto muito" e pedindo meu vestido. Por mim ela vai nua, mas com minhas roupas ela não vai.

Continua...
Uma Nova Realidade




  Nós fomos em direção ao estacionamento do hospital. O carro de titia estava estacionado logo a nossa frente. Nós entramos e colocamos o cinto de segurança. Ela manobrou o carro e saiu do estacionamento. Eu não disse nada estava esperando ela me falar, mas como vi que isso não iria acontecer decidi começar.
-E então, aonde vamos? -disse tirando titia de seus pensamentos-
-O que? -perguntou agora me olhando-
-Aonde vamos?
-Bem, agora vamos para casa. -ela disse saindo do estacionamento do hospital-
-Sabe do que eu estou falando. 
-Já lhe disse no hospital, vamos a Atlanta. Fui transferida e meu chefe disse que eu poderia viajar em breve -ela disse me explicando-
-Mas eu não quero viajar. -eu disse decidida-
-Sinto muito, mas tenho que te levar, você não vai ficar aqui sozinha.
-Mas eu posso viver sozinha. -eu continuava a teimar, não queria viajar-
-Não, você não pode. Vai viver de que?
-Eu arrumo um emprego.
-Com 14 anos? Vai trabalhar em que? Vai estudar aonde?
-Eu vou para uma escola pública se preciso. Existe crianças menores que eu que trabalham.
-Claro que existe, crianças que trabalham nas ruas ou crianças que se vendem. -nós não discutiamos, ela estava em seu tom normal de sempre então não era uma briga, mas ela estava certa- É muita responsabilidade Isabella, você não pode fazer isso.
-Mas eu não quero me distanciar da minha casa, é a única lembrança que tenho dos meus pais.-eu disse triste abaixando a cabeça, lágrimas ameaçaram cair de meus olhos-
-Ah meu anjo, não precisa ficar assim, e além do mais existem mais lembranças como o porta jóias que sua mãe comprou, a bicicleta que seu pai te deu, as roupas que vocês compraram no shopping e ainda tem as lembranças dos momentos que você passou com eles em sua mente -sorri por lembrar daqueles momentos felizes-, sem contar com aquelas fotos que vocês viviam tirando. E tem a lembrança mais importante de todas, a mais especial e preciosa. -eu ergui a cabeça para olhá-la, ela estava sorrindo com ternura- Você. Você é a coisa mais preciosa que eles deixaram aqui. -ela aumentou o sorriso e eu sorri também, eu a abraçei rapido e forte. Ela tinha toda razão. Eu era a própria lembrança deles, afinal existe algo mais precioso onde tem todas as lembranças que tivemos e ainda foi feito por eles com todo o amor? Não, não havia-
-Tem razão.
-Olha, ficaremos por mais dois dias e depois vamos embora, eu pedi para que Marcia ajeitasse as coisas enquanto eu estava no hospital com você. Quase tudo está pronto, só falta as malas com as roupas.
-Tudo bem.
  Ficamos em silêncio e começou a chover, as gotas de chuvas e o tempo fechado era um conforto. O tempo estava quase como eu: Frio. Só que o tempo ainda estava quente demais para o frio que eu representava.
-Gostou do Henrique? -titia me perguntou quebrando o silêncio e me interrompendo de meus devaneios-
-O que?
-Gostou do Henrique?
-Por que?
-Nada, só estou perguntando.
-Hmm, sei. É, ele é uma ótima pessoa. Gostei dele sim, mas parece que ele cativou o não só alguém como o coração também. -eu disse a olhando atentamente agora, pronta para ver sua reação-
-ela se acertou no banco do motorista, seu rosto a entregava. Ela concerteza sentiu algo por ele- Bom, nós éramos melhores amigos desde o ensino médio.
-Hmm, só melhores amigos? Não foi o que pareceu. -disse casualmente-
-Eu gostava dele quando estudavamos juntos, mas ele namorava a Jennifer, uma garota da aula de trigonometria. Ela já foi líder de torcida no ensino médio, sabia?
-Hmm e você tinha ciúmes dela com ele. Entendi.
-Não era exatamente assim, eu gostava muito dele, mas ele não demonstrava o mesmo. Aí a Jennifer e ele começaram a namorar e ficaram juntos até a faculdade, ele a viu o traindo com seu amigo, o que não foi a primeira vez, e terminaram o namoro. Mas eu já não falava mais com ele, ele tinha mudado e acabou me afastando dele sem perceber.
-Nossa, que bela história. Dá para fazer um filme. E agora ele quer encherga que você é o amor dele e ele te quer?
-Boba, claro que não.
-Engraçado, no quarto parecia que vocês não se conheciam, ele até leu seu crachá de identificação.
-Bella eu não fui assim sempre -ela disse fazendo gestos para seu corpo e seu rosto- quando eu era do ensino médio eu era diferente, usava aparelho e quando entrei na faculdade começei a usar óculos. Mas eu não usava aqueles feios, meu aparelho era bonito e descreto e meus óculos eram para leitura, pois eu lia durante a noite por conta do estudo e isso afetou minha visão, contudo eu mudei, hoje sou uma mulher deferente da garota da faculdade, mais madura e equilibrada.
-Mas ainda apaixonada. -complementei- Você era uma nerd.
-Não. -ela disse rindo da minha piada- Como eu disse meu aparelho era diferente, ele era todo transparente e meus óculos sempre foram os mais bonitos de toda a escola e eu só usava as melhores roupas.
-Então qual era o problema?
-Ele não me amava.
-Ou não sabia.
-É. -ela disse estacionando o carro na garagem da minha casa- 
-O que importa é que agora ele sabe, então ele pode te conquistar.
-Não estou certa disso.
-Claro que está, só não quer adimitir para si mesma, afinal mentir para si mesma e depois contar a verdade após anos... Deve ser difícil para você.
-Vamos encerrar o assunto, ok? Vamos viajar daqui a dois dias e temos muito o que fazer, não vamos nos preocupar com isso.
-Sabe que não vou parar.
-É, eu sei. -ela suspirou derrotada-
Saímos do carro e ela o trancou, fomos correndo até a entrada pois agora a chuva estava mais forte, sentir a chuva estava bom então eu parei, titia não pareceu perceber que parei e continuou correndo. A chuva era confortante, fria com um cenário triste assim como eu estava, as gotas geladas não me causaram calafrios como faziam com minha tia. 
  Agora eu me lembrava do meu primeiro banho de chuva, eu era pequena e eu estava brincando no gramado do jardimda minha casa, papai e mamãe estavam na mesa do jardim tomando café da tarde, eu tinha uma boneca chamada Lucy, eu a amava, eramos grandes amigas, estava sol e começou a chover. Marcia ordenou os empregados a tirarem a comida do jardim e papai veio me pegar, mas assim que ele veio eu começei a correr, ele ria correndo atrás de mim e eu dava gritos e risadas altas, eu chamava mamãe e ela ria de nós dois, eu a chamei e ela veio correndo até mim com os braços abertos, eu a abraçei e ela me levantou e me rodou. Parecia tudo uma fantasia, mas era a minha realidade. Nós brincamos até a chuva parar. Era uma chuva de verão. Depois disso eles me banharam e me poram para dormir. Ele eram tão bons comigo..
  Lágrimas começaram a rolar em meu rosto e eu me abaixei no chão tocando a grama,  a chuva aumentava eu já estava encharcada, mas não saia daquela posição, eu lembrava de cada detalhe daquele dia, o sorriso doce e angelical de mamãe, a pureza, a alegria, o confoto que seus olhos transmitiam, a rizada de papai, seus olhos alegres e carinhosos, o abraço deles que era como abraçar as melhores coisas do mundo.
-Bella! -titia gritou e veio até mim. Ela viu meus olhos vermelhos de tanto chorar e me                       levantou, abraçou meus ombros e me levou até a entrada de casa- Quando peguei as chaves e fui falar com você, você não tinha me respondido, me virei e você estava aqui, caida ao chão com as mãos na grama e os olhos fitando algo além da grama. 
-Eu estava lembrando deles, do meu banho de chuva de verão, do primeiro.
-Oh, seu pai me contou sobre esse dia, ele e sua mãe se divertiram muito com você, foi quando você tinha 5 anos, foi alguns meses antes da sua viajem a Atlanta.
-Acho que dessa parte eu não me lembro.
-É, você ainda era um bebê, não deve se lembrar de tudo, só de algumas partes.
  Nós entramos em casa, estava tudo vazio assim como imaginei que estivesse, era estranho ver minha casa vazia daquele jeito. Sem os livros na prateleira da entrada, sem a cozinha cheia de coisas no lado direito, sem nada na sala do lado esquerdo, só a escada da sala de entrada que dava direto para o segundo andar estava lá, na cozinha só havia o balcão no centro e os móveios colados a parede e chão. Lá em cima só deveria ter minhas roupas, se minha tia já não tivesse providenciado tirá-las de lá.
-Venha, vamos ao seu quarto pegar uma toalha para você tomar banho. -ela disse fechando a porta, ainda me segurando pelo ombro-
  Fomos até meu quarto, estava como imaginei, só minhas roupas acima de uns edredons forrados no chão. Ela já tinha tirado tudo. Tinha várias caixas do lado esquerdo do meu quarto, quase todas estavam preenchidas, algumas não estavam prontas, mas minhas coisas estavam ao lado para serem empacotadas.
  Tia Lu me soltou e foi procurar uma toalha, eu olhava meu quarto quase vazio, ele parecia imenso sem minhas coisas o preenchendo.
-Aqui querida, tome sua toalha e este sabonete. Vou separar sua roupa e depois a levo para o banheiro, tome um banho rápido pois temos que arrumar suas coisas, depois temos que ir na minha casa pegar uma caixa e depois vamos nos seus avós.
-Não vai tomar um banho também? -disse olhando para seu cabelo e suas roupas molhadas-
-Sim, logo depois de você.
-Tudo bem. -disse pegando a toalha e o sabonete e indo em direção ao banheiro-
  Fui para o banheiro e encostei a porta, o banheiro estava vazio também, não havia nada nos armários e não havia mais os três sabonetes líquidos ao lado da pia, o espelho pregado na parede ainda estava lá, o que era de se esperar. Tirei minha roupa e quando fui entrar no box uma corrente de ar fria atingiu minhas costas nua causando-me arrepios, fechei a pequena janela e entrei no box.
-Aqui está sua roupa, trouce shampoo e condicionador.
-Obrigada tia, me dê aqui por favor! -disse abrindo a porta do box e estendendo a mão, ela me deu e fechei a porta-
-De nada querida, mas seja rápida, não se esqueça que temos que fazer mais coisas hoje.
-Tudo bem.
  Comecei o banho, peguei o shampoo e lavei meu cabelo, enchaguei e depois passei o condicionador, encha-guei e depois passei o sabonete, depois me enchaguei, abri a porta do box e me sequei, amarrei minha toalha no meu cabelo e fui me vestir, titia tinha pego uma regata branca, cardigã branco, uma calça jeans skinnig e minha sapatilha preta de laçinho, era uma das minhas sapatilhas favoritas.

Continua...